Sobre pular o muro e decidir voltar

Pessoal, olha que texto bacana! É um pouco grande, mas vale a pena ler e refletir!

Talvez você já tenha sentido a dor de uma despedida. Pode ser aquele simples tchau para voltar à sua cidade ou ao trabalho depois do almoço ou final de semana, após ter protelado ao máximo todos os minutos possíveis, enquanto curtia algo ou alguém que amava.

 Pode ser menos dramático e realmente mais grave e intenso, quando depois de ver o seu cachorro sofrendo por uma doença sem cura, teve que tomar a decisão de deixá-lo ir. Ainda que isso envolvesse uma conversa séria olhando nos olhos deles e dizendo estar tudo bem, que ele foi um bom menino e poderia descansar em paz.

Pode ainda ser aquele tchau depois de sair de um quarto de UTI, sem saber se terá a chance de uma nova visita e após ter passado bons minutos pensando sobre o que realmente importa na vida ao ver a pessoa amada indo embora aos poucos. Agora você está sozinho ao fechar aquela porta e o silêncio da falta de comunicação e respostas será desesperador.

A despedida pode ainda ser porque é hora de voltar da fuga para enfrentar o real e cruel mundo lá fora, pegar a estrada com o coração partido, a esperança desmoronada, o voo do outro perdido, o telefone não atendido a tempo, o celular desligado porque a aeronave vai subir e você não conseguiu ver ou se despedir. A sensação de que a chance se foi.

Sentir que o tempo acabou e que não há mais nada a fazer, apenas aceitar, é uma das maiores dores que alguém pode sentir. Às vezes criamos um drama interno, é claro.

“Eu posso voltar ali quando eu quiser”. Mas infelizmente, às vezes, a escolha não é nossa.

Chegou a hora de partir e não há mais nenhum minuto sobrando. Que difícil ir embora.

E às vezes, o último minuto que restava foi gasto esperando. Esperando à toa, olhando para o teto, para o relógio, relendo mensagens antigas enquanto estava tão inquieto que nem sua música preferida fazia mais sentido. Você só queria uma ligação, uma chance, uma mensagem respondida, um último abraço. 

Mas nem isso lhe foi concedido. Agora, parece que seu coração ficou preso em um espaço de tempo e que você não consegue resgatá-lo. Poxa, só quero poder pegar meu coração de volta e viver mais um pouco. 

Só quero poder resolver essa espera que não resultou em nada para voltar para minha estrada. Só queria ter deixado tudo a tempo para viver mais um pouco tudo isso que tanto valia a pena!

Eu sempre acreditei que quanto mais coisas conhecemos na vida, mais nos estragamos. Talvez, a ignorância seja realmente uma benção. É que parece que ao saber mais sobre o mundo e tirar as vendas da ingenuidade, as coisas perdem a graça. 

“Ah, é assim então que funciona?” Sabe, chega um momento em que você andou tanto, que só lhe resta pular o muro. Esse muro só aparece depois de muita caminhada e você só estará finalmente pronto para escalá-lo depois de tudo isso. E na hora certa.

Então, você pula aquele muro. Você agora consegue olhar do lado de lá. Todas as peças finalmente se encaixaram, parece até que você agora vive um experimento e precisou esse tempo todo apenas seguir em frente.

Então é assim por trás desse enorme muro?

Num primeiro momento a gente acha o máximo olhar por cima dele. A sensação de poder e vitória são enormes, afinal, você chegou lá. E assim como em uma viagem para um novo e desconhecido país, nos primeiros dias ficamos encantados e curiosos para descobrir mais. Só que pode chegar um momento em que o novo já não é maior que o conhecido e às vezes simples, de quando você era “ignorante e tão feliz”.

Talvez você tenha pulado o muro, como um dia eu pulei. E talvez, por ele ser tão alto e tão desejado pelas pessoas, acredite que voltar para trás dele seja errado. Que por isso você será um perdedor. Não é isso que dizem de quem ousa desistir? Pois, saiba que não existe sensação de liberdade e conhecimento maior que entender que você pode decidir voltar sim.

E se você ousar voltar, eu te conto a verdade. 

A real é que você nunca mais se esquecerá do que há do lado de lá, não há como voltar a ser como antes. Mas sempre será possível tomar a decisão de recuar, viver com menos, ter bases de comparação para entender que a felicidade existia antes e que você pode decidir voltar. 

Talvez você volte e as coisas não estejam mais como deixou… pense sobre isso. Há coisas que não podemos retomar nunca mais.

Pular o muro de volta não lhe fará um perdedor. Pelo contrário, alguém tão forte, que foi capaz de ver o lado de lá e voltar para quando tudo estava em um estágio tão anterior… 

Talvez você não precise desse título a mais que tem te tirado de perto de tudo que realmente importa. Talvez não precise ir a esse evento que nutre apenas o ego. Talvez não tenha que dizer sim forçadamente, só para parecer estar dando certo. E talvez, não seja esse valor alto que lhe ofereceram que vai salvar sua pele. Ou a viagem para fora que te deixa longe da mãe que acabou de ter uma doença noticiada.

A grande benção é que você quase sempre pode voltar. Talvez precise se despedir e sofrer mais algumas vezes, até que um dia não terá mais que se ferir para seguir sendo o que você mesmo descobriu que não precisa ser…

Fonte: Linkedin / Perfil: Flavia Gamonar

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