Considerada por muitos “a estação mais bonita do ano”, a primavera, que se inicia no próximo dia 23 de setembro, traz consigo as flores e as crises respiratórias. O especialista do Hospital CEMA ensina a combater esse mal, que aumenta com os dias secos.
Quando a primavera chega, é como se o inverno e o verão começassem uma discussão silenciosa: tempo seco e tempo úmido se chocam semana após semana. Esse embate da natureza, que mescla dias mais úmidos e frescos com dias secos e abafados, pode ser muito prejudicial para pessoas que sofrem com doenças respiratórias. Uma das mais comuns é a rinite alérgica, mal que acomete 30% da população brasileira, de acordo com a Academia Brasileira de Rinologia.
Mas por que essas pessoas têm uma reação tão forte ao tempo seco? O Dr. Cícero Matsuyama, otorrinolaringologista do Hospital CEMA, explica: “Através do prurido (coceira) e irritação nos olhos, nariz, garganta e pulmões, o corpo reconhece a poeira e reage a ela. Tudo isso pode desencadear doenças, como a rinite alérgica e tantas outras”.
Ou seja, a rinite alérgica é a resposta do organismo a um componente considerado nocivo. O nariz funciona como um filtro, impedindo a entrada de agentes que possam prejudicar a saúde dos pulmões. No entanto, partículas como poeira, pólen e pelos de animais – que a maioria dos organismos considera normal – para o alérgico, é nocivo. Daí vem o espirro, a coceira, obstrução nasal, a coriza: são sintomas de que o corpo está tentando eliminar o potencial agressor. Alguns casos de rinite são sazonais e estão associadas à alergia ao pólen e fungos presentes no ar, mas a grande maioria tem no ácaro o maior vilão.
O ácaro é um aracnídeo que se alimenta de restos de alimentos, tecidos, pele humana e de animais. Ainda de acordo com dados da Academia Brasileira de Rinologia, 90% das pessoas diagnosticadas com rinite alérgica são sensíveis a um ácaro comum, presente na poeira domiciliar. Por isso, engana-se quem pensa que somente a poeira visível é está cheia desses microrganismos: eles estão presentes nas fibras dos colchões, travesseiros e móveis, pois gostam de ambientes quentes e úmidos, sem muita iluminação. O hábito de espanar ou varrer o ambiente não diminui a quantidade de ácaros, apenas os espalha. O ideal é recorrer sempre a um pano úmido. O especialista do CEMA lembra ainda que a água é essencial nessa composição. “Para amenizar a poeira no ambiente, é importante fazer uso de umidificadores e manter uma hidratação rigorosa”, ressalta.
Durante os dias mais secos, o médico recomenda que as pessoas – não somente as que sofrem de rinite alérgica – evitem banhos quentes demorados e o uso de espanadores ou aspiradores de pó que não possuem filtros do tipo HEPA ou de água. Tais filtros são melhores que os comuns, pois filtram até 99,9% das impurezas contidas no ar que respiramos. A manutenção do ar-condicionado também é outro item importante, pois aparelhos sem a devida limpeza podem acumular fungos, bactérias e ácaros, provocando assim mais crises alérgicas. Já no caso das crianças e idosos, que são naturalmente mais sensíveis a problemas respiratórios, é recomendado recorrer à inalação com solução fisiológica, se preciso.