Exposição em São Paulo revela universo de Hebe Camargo

Pessoal, a exposição ‘Hebe eterna’ reúne vestidos, fotos e vídeos raros da apresentadora, além de atrações interativas

Hebe Camargo (1929-2012) recebeu muitos títulos ao longo de sua carreira: “moreninha brejeira do samba” (antes de adotar o loiro platinado), “rainha da TV”, “mulher do ano”… Depois de morrer em consequência de um câncer, aos 83 anos, foi tema de várias biografias , um musical e, mais recentemente, de um longa-metragem ainda inédito, “Hebe” , com Andréa Beltrão no papel-título. Para Marcello Dantas, curador da exposição “Hebe eterna”, em cartaz de terça até o dia 2 de junho no Farol Santander, em São Paulo, a cantora e apresentadora foi, além de tudo isso, uma “fiadora da sociedade brasileira”:

Ela era aquela pessoa que transformava tudo dentro da zona de conforto aceitável da sociedade. Isso é muito importante, porque ela ajudou a construir um caráter do brasileiro: de tolerância, de inclusão, de diversidade, de várias coisas que estavam ali — diz ele, antes de iniciar uma visita guiada pela exposição.

Durante cerca de cinco anos, Dantas mergulhou nos arquivos e pertences pessoais de Hebe para organizar o percurso que conduz o visitante por 11 ambientes repletos de vestidos, fotos e vídeos raros, além de curiosidades e intimidades da apresentadora. Estão lá, por exemplo, imagens de sua primeira aparição na TV, em 19 de setembro de 1950, fazendo um dueto com o então galã Ivon Curi.

Reza a lenda que, no dia anterior, data da inauguração oficial da primeira emissora do Brasil, a então cantora deu o bolo em Assis Chateaubriand e foi encontrar um namorado. Hebe tinha, então, apenas 26 anos:

— Encontramos essas imagens na casa dela, numa cópia em película, no formato 16 milímetros. Como na época a transmissão era ao vivo, isso eram projetado em uma tela e transmitido pelas câmeras de TV nos intervalos comerciais. É uma preciosidade — comemora Camila Mouri, cocuradora da exposição.

O dueto de Hebe e Curi faz parte das imagens reproduzidas na sala batizada “Eu vendo TV’s”, na qual nove aparelhos, desde os fabricados no início dos anos 1950 até os mais modernos, trazem trechos de programas da apresentadora nas TVs Tupi, Record Bandeirantes, SBT e Rede TV!. Ela aparece “montada” perguntando a uma entrevistada a diferença entre travesti e “drag queen” ou com a cara pintada em referência ao movimento estudantil do início dos anos 1990.

— A Hebe conseguia levar ao mesmo programa o Paulo Freire e o Paulo Maluf — observa Dantas, ao passar pelo ambiente. — Era impressionante o poder de comunicação que ela tinha.

Parte importante de “Hebe eterna”, os ambientes “Camarim” e “Closet” funcionam como extensão um do outro. No primeiro, cabeleireiros e maquiadores de Hebe falam sobre como cuidavam dos cabelos e da imagem dela e, numa experiência interativa, o visitante pode se sentar diante da penteadeira para tirar foto digital “ostentando” os penteados da apresentadora. O segundo reproduz um dos cômodos mais importantes da casa dela, com 27 modelos de vestidos usados em seus programas, além de bolsas, sapatos e acessórios.

Uma das raridades expostas na sala é o famoso vestido “asa-delta”, usado por Hebe em 1986, na estreia de seu programa no SBT. A maior parte dos vestidos, nunca repetidos pela apresentadora, vem acompanhada de imagens dela usando-os na TV.

EXPOSIÇÃO ‘HEBE ETERNA’

Quando: de 19 de fevereiro a 2 de junho. Onde: Farol Santander (Rua João Brícola, 24 – Centro; estação São Bento – linha 1, azul do metrô). Entrada acessível: Rua João Brícola, 32. Funcionamento: terça a domingo, das 9h às 20h (terça a sábado), e das 9h às 19h (domingo). Ingressos: R$ 20 (visitação completa)

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